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terça-feira, 29 de junho de 2010

AGREGADOS



OFERTA MUNDIAL
Agregados são materiais granulares, sem forma e volume definidos, de dimensões e propriedades para uso em obras de engenharia civil. Consideram-se agregados a pedra britada, o cascalho e as areias naturais ou obtidas por moagem de rocha, além das argilas e dos substitutivos como resíduos inertes reciclados, escórias de aciaria, produtos industriais, entre outros. Os agregados são, em geral, abundantes no Brasil e no mundo. No Brasil, os grandes centros consumidores, representados pelas regiões metropolitanas, estão, geralmente, localizados em áreas geologicamente favoráveis a reservas de boa qualidade. As rochas utilizadas para produção de brita são, fundamentalmente, granitos e gnaisses, seguidos por calcários, dolomitos, basaltos e diabásios, normalmente utilizados em regiões em que os primeiros não são abundantes. Os principais locais de produção de areia são várzeas e leitos de rios, depósitos lacustres e mantos de decomposição de rochas. No Brasil, a utilização de depósitos de areia e cascalhos marinhos está restrita ao controle da erosão e reconstrução praial, muito embora estes recursos já sejam amplamente utilizados como agregados para construção em países da Europa e Ásia.
Os agregados são os materiais de construção mais utilizados no mundo. Em 16 países europeus é registrado o consumo médio de 511t por habitante em toda a sua vida ou de 6-10t/habitante/ano. Nos EUA a taxa é de 8t/habitante/ano. Quando se reporta ao estado de São Paulo e a Região Metropolitana de São Paulo, para fim de comparação, as taxas avançam para 3,5t/ha/ano e 4,2t/ha/ano, respectivamente.
A mineração de agregados para a construção civil gera grandes volumes de produção, apresenta beneficiamento simples, baixo preço unitário e necessita ser produzido no entorno do local de consumo, geralmente áreas urbanas, devido à alta participação do transporte no custo final. O transporte responde por cerca de 1/3 do custo final da areia, e 2/3 do preço final da brita. Este setor é o segmento da indústria mineral que comporta o maior número de empresas e trabalhadores e o único a existir em todos os estados brasileiros.
Atualmente o setor mineral discute o problema da disponibilidade desses recursos, principalmente aqueles localizados dentro ou no entorno dos aglomerados urbanos. A possibilidade de exploração destes bens minerais vem declinando em virtude do inadequado planejamento urbano e territorial, de problemas de sustentabilidade ambiental, de zoneamentos restritivos e de usos competitivos do solo, tornando preocupantes as perspectivas de garantia de suprimento futuro. As reservas de areia e brita no Brasil são estimadas em 2,7 bilhões de toneladas e 12 bilhões de toneladas respectivamente. Tais números foram obtidos pelo cálculo das densidades de areia e rochas britadas: areia equivale a 1,64t/m³ e brita equivale a 1,80t/m³, de acordo com o Anuário Mineral Brasileiro do DNPM.


EXPORTAÇÃO
Não há exportação de agregados devido ao custo do transporte, pois os mesmos devem ser produzidos nas proximidades dos centros consumidores para que sejam viáveis comercialmente.

CONSUMO
O maior mercado consumidor de rocha britada no país permanece sendo São Paulo. O Rio Grande do Sul e Santa Catarina elevaram sua participação relativa, deslocando os mercados de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, os quais entre 2003 e 2006 ocupavam alternadamente a segunda e a terceira posição. Os valores de produção declarados no RAL ano-base 2007 para a rocha britada beneficiada indicam um crescimento acumulado de 46% e de 31%, respectivamente, sobre o ano base de 2005 para os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina, a produção de rocha britada elevou-se em 1,8 milhão de m3 em relação a 2005. Para o país, considerando o ano base de 2005, o valor declarado no RAL em 2007 cresceu 13%. Parte significativa do crescimento da rocha britada em Santa Catarina deveu-se as obras de duplicação da BR 101. As declarações do RAL 2007 ainda estão sendo analisadas, mas a indicação de crescimento é coerente com a evolução da economia em 2007.
Setorialmente, em 2007 a construção civil demandou 66% do consumo de rocha britada beneficiada, a construção/manutenção de estradas 15%, a pavimentação asfáltica 4%, e os artefatos de cimento 3,5%. O setor de construção civil absorveu 46% da rocha britada bruta, sendo seguido pelo setor de construção/manutenção de estradas com 22% e pavimentação asfáltica 7%. O grande setor consumidor de areia é o setor de construção civil. Os dados de produção declarados no RAL ano base 2007 para a areia ainda estão em análise. Entretanto, espera-se um crescimento da produção acompanhando a rocha britada.


PROJETOS EM ANDAMENTO E/OU PREVISTOS
As expectativas para 2008 a 2010 são bastante otimistas pela possibilidade de geração de resultados decorrentes da implementação das obras do PAC, iniciadas em 2007. Obras que contemplam os setores de infra-estrutura de transportes e habitação inclusive. Setores consagrados como consumidores de materiais agregados em uma ampla variedade de aplicações em edificações, construção e manutenção de estradas de rodagem, aeroportos, barragens, obras de saneamento e fundações.
Entre as ações, o plano vai significar a construção, adequação, a duplicação e recuperação, de 45 mil km de estradas; 2.518 km de ferrovias, a ampliação de 12 portos e 20 aeroportos. Uma intervenção importante é a pavimentação de 1.024 quilômetros da BR-163, no trecho entre Guarantã do Norte (MT), Rurópolis e Santarém (PA). Está em andamento a duplicação da BR-101 no Nordeste, para um total de 405 km em vários trechos; e da BR-230 na PB, num total de 112 km. Na Região Sul, a BR 101 está sendo duplicada num total de 337,5 km. Entre as obras de construção e pavimentação em andamento, encontram-se a BR-135 (183 km, na BA); a BR-319 (343 km, no AM); a BR-230 (579 km, no PA); a BR-282 (133 km, SC), e o trecho sul do Rodoanel em SP (61,5 km). Para a área de habitação serão destinados R$ 106,3 bilhões ao longo de 4 anos, beneficiando quatro milhões de famílias. Assinala-se que existe no Brasil uma forte demanda reprimida por agregados, oriunda de um déficit habitacional em 7,9 milhões de moradias. Para urbanização de favelas, foram selecionados 544 projetos em todo o país, com 723 mil famílias beneficiadas (R$ 10,7 bilhões de investimentos) e 6,4% de obras já iniciadas.

OUTROS FATORES RELEVANTES
Um projeto multidisciplinar desenvolvido pelas instituições USP, CETEM e UFAL deu origem a um método inovador com o reaproveitamento de entulho de construção para a produção de areia e rochas britadas de alto desempenho mecânico, que podem ser utilizados em concreto estrutural para construção de casas e edifícios, exceto em pontes. A areia e a brita geradas pelo estudo têm características bem superiores ao agregado reciclado, atualmente empregado na pavimentação de ruas e estradas, que é produzido por usinas de reciclagem no país, o qual é impróprio para uso em concreto estrutural. Para o beneficiamento do entulho, os resíduos foram separados de acordo com as características físicas e químicas, tendo o método sido testado com diferentes tipos de entulho, com amostras coletadas em aterros de São Paulo, Rio de Janeiro, Macaé (RJ) e Maceió (AL). Com esse estudo, abre-se a possibilidade de se expandir no País o mercado de reaproveitamento dos resíduos de construção civil e demolição, os quais poderão ser utilizados também em concreto estrutural, sendo este um caminho para aumentar a sustentabilidade do setor da construção civil e uma alternativa para reduzir o depósito dos restos em aterros e rios e a extração de agregados, já bastante dificultada tanto pelas restrições ambientais quanto pela urbanização no entorno das minas.
A controvertida Resolução CONAMA n.º 369/2006 dispôs sobre os casos excepcionais de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Áreas de Preservação Permanente – APP’s. Criou distinção entre bens minerais, definindo aqueles de utilidade pública (a maioria dos minerais) e de interesse social (areia, argila, cascalho e saibro), diferenciando suas possibilidades de intervenção em APP’s, excluindo para os últimos a possibilidade de sua extração em determinados locais, especialmente próximos de nascentes, veredas, manguezais e dunas. Introduziu ainda algumas regras de conduta que podem vir a prejudicar muito o segmento de rochas para construção civil, ao condicionar à extração destas rochas a existência de planos de ordenamento territorial municipal, ou seja, planos diretores de mineração e leis de uso e ocupação do solo, sob pena da atividade ser admitida somente até 28/03/2009, quando na inexistência desses documentos, será proibida. Fato preocupante é que 73% dos municípios brasileiros, por terem população inferior a 20 mil habitantes, não estão obrigados, constitucionalmente, a elaborar planos diretores municipais.
Em Portaria do Diretor-Geral do DNPM, publicada no DOU de 27/11/2007, a tonelada foi adotada como unidade de medida padrão obrigatória para as informações sobre agregados para a construção civil. Essa medida torna as estatísticas brasileiras compatíveis com as de outros países.
Continua em ascensão o mercado de areia de brita para utilização em concreto e argamassa, impulsionado pela crescente escassez da areia natural, por bloqueio de jazidas, devido tanto a desordenada ocupação urbana quanto pelas restrições impostas pela legislação ambiental, fazendo com que os pós de pedra deixem sua antiga condição de rejeito.

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